terça-feira, 24 de junho de 2025

Jovem que morreu em trilha para vulcão na Indonésia teve ligação com agência de influenciadores pró Lula

Imagem de reprodução

Juliana Marins, de 26 anos, que caiu durante uma trilha na Indonésia, era formada em Publicidade e Propaganda pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Segundo seu perfil no Linkedin, ela trabalhou em empresas do grupo Globo, como Multishow e Canal Off, além da agência de marketing Mynd e do evento Rio2C, voltado à indústria criativa. A brasileira também fez cursos de fotografia, roteiro e direção de cinema, segundo divulgou a CNN. 
A agência Mynd, em que Juliana trabalhou, em 2022 era responsável por 34 perfis de entretenimento e ativismo político.

Entre os perfis agenciados pela chamada "Banca Digital", da Mynd, estavam o Garoto do Blog e Alfinetadas dos Famosos, apontados por influenciadores digitais, como Daniel Penin, como os responsáveis por distribuir, junto com o perfil Choquei, conteúdo falso que teria levado Jéssica Vitória Canedo, 22 anos, a cometer suicídio.

Jéssica Vitória Canedo à esquerda e Windersson Nunes - Imagem da internet

A jovem se matou após a grande repercussão de um post afirmando falsamente que ela manteria um caso amoroso com o humorista Whindersson Nunes. As publicações falsas foram repostadas por outros grandes perfis, como a Choquei. O alcance fez com que a jovem recebesse uma onda de ataques nas redes sociais.
Um dos projetos da Mynd, chamado de Banca Digital, era responsável por administrar grandes perfis de fofoca como Fuxiquei, Fofoquei, Gina Indelicada e Alfinetei. No total, os 34 perfis que compunham a Banca Digital, somados possuiam 150 milhões de seguidores à época.
Responsáveis pela agência Mynd na época do escândalo - Imagem da internet

De acordo com o Spotniks do Canal UOL, a agência teria usado esse poder para gerar cancelamentos, inclusive no debate político, a partir da disseminação de notícias falsas. Em maio de 2023, a Gazeta do Povo mostrou o alcance de perfis pró-Lula que divulgavam notícias falsas ao relacionar melhorias na economia com o atual presidente.
Em um exemplo de como a influência pode funcionar nos bastidores, o influencer e escritor, Henry Bugalho, disse que o grupo que ficou conhecido como “Youtubers pela Democracia”, do qual participou durante o período eleitoral do ano em que Lula foi eleito, recebeu financiamento de fundações para produzir conteúdo contra o ex-presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL). O relato do influencer ocorreu em novembro enquanto ele respondia a críticas de outros youtubers de esquerda sobre sua visão política. Segundo ele, o grupo era composto por cerca de 10 canais de influenciadores da esquerda.
O publicitário Julio Beltrão, responsável artístico da Mynd, comentou no LinkedIn sobre o encontro que teve com Lula e com a primeira-dama, Rosangela Silva, a Janja. O casal presidencial recebeu um grupo de influenciadores no Palácio do Planalto, em fevereiro de 2023. Beltrão foi acompanhado de outros representantes da Mynd.

Em fevereiro, Lula se encontrou com grupo de influenciadores, incluindo membros da Mynd,
que fizeram campanha para o petista em 2022 (Foto: Ricardo Stuckert/PR)


“O grupo ‘Influenciadores pela Democracia’ será uma das frentes criadas pelo governo para discutir ações de combate à desinformação e pulverização de pautas importantes como vacinação e projetos sociais do governo Lula”, disse o publicitário em postagem no LinkedIn.
No dia do encontro, Lula agradeceu a atuação de influenciadores que o apoiaram nas eleições de 2022. “Não ganharíamos as eleições se não fosse também o trabalho voluntário de influenciadores nas redes. E vocês têm um trabalho muito grande para seguirmos combatendo a fábrica de mentiras”, disse o mandatário nas redes sociais em 8 de fevereiro.

Juliana Marins caída em trilha para vulcão na Indonésia - Imagem divulgada na mídia internacional

A jovem Juliana Marins, de 26 anos, foi encontrada morta nesta terça-feira no Monte Rinjani, na ilha de Lombok, Indonésia, após cair em uma ribanceira e permanecer presa por quatro dias em uma encosta de difícil acesso, sem água, comida ou abrigo. A confirmação foi feita pela família nas redes sociais.
Juliana caiu durante uma trilha guiada na madrugada da última sexta-feira, em um dos trechos mais perigosos da rota que leva ao cume do vulcão. Desde então, seis equipes de resgate atuavam em condições climáticas complicadas para tentar alcançá-la, com o apoio de dois helicópteros e equipamentos como uma furadeira industrial. O corpo foi localizado por uma das equipes que desceu pela encosta da região conhecida como Cemara Nunggal, entre 2.600 e 3.000 metros de altitude.

Oito pessoas morreram e 180 ficaram feridas em acidentes nos últimos cinco anos no Parque Nacional da Indonésia, onde a brasileira Juliana Marins foi encontrada morta nesta terça-feira (24).
De acordo com dados do Escritório do Parque Nacional do Monte Rinjani, em 2021 foram 21 casos. No ano seguinte, 33 ocorrências. Por sua vez, em 2022 foram 31 incidentes. Ainda segundo o documento, em 2023 foram registrados 35 acidentes. No ano passado, o número subiu para 60 - ou seja, quase o dobro.
Do total de acidentados registrados, 44 foram turistas estrangeiros e 136 turistas locais.

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